Na última terça-feira, dia 9 de junho, durante reunião de ministros do governo Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o desmatamento havia atingido em maio o nível mais baixo dos últimos anos.
“O desmatamento no mês de maio caiu ao mínimo comparado com anos anteriores. Então, o nosso primeiro objetivo foi conquistado”, disse Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia, durante a reunião, transmitida ao vivo pela TV Brasil.
Mas dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam tendência oposta. Os alertas de desmatamento do sistema Deter (Detecção em Tempo Real) mostram que no mês de maio foram registrados 830 km² de áreas desmatadas, 12% a mais do que em maio de 2019.
É a maior quantidade de alertas já registrados para esse mês desde 2015, início da série histórica do Deter-B. O número abrange os desmatamentos classificados como supressão total de vegetação (corte raso), além do corte parcial de vegetação e de desmatamentos causados por mineração.
De janeiro a maio de 2020, o total de áreas desmatadas observado nos alertas foi de 2.033 km², aumento de 34% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi também o maior número registrado desde 2015.
A comparação mais preocupante, porém, ocorre quando se faz a contagem de alertas do Deter acumulados desde agosto de 2019. Este é o mês em que começa o calendário oficial de medição da taxa oficial de desmatamento.
Se somados os dados de agosto do ano passado a maio deste ano, o total desmatado é de 6.500 km², contra 3.654 km² no período anterior. Ou seja, um crescimento de 77%.
Diante desses números é muito possível que a taxa final do desmatamento no biênio 2019-2020 seja uma das mais altas registradas desde que a contagem oficial do Inpe foi iniciada, em 1988.
A tendência também aponta um fracasso dos militares no combate ao desmatamento. Mourão coordena o Conselho da Amazônia, grupo composto em sua maioria por representantes das Forças Armadas, que está à frente do planejamento da Operação Verde Brasil 2, iniciada em 11 de maio. (Gustavo Faleiros, do InfoAmazonia)